Bruno Pernadas celebra 10 anos do primeiro álbum

Este ano em que “How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge?” completa 10 anos da sua edição, Bruno Pernadas oferece-nos uma digressão de celebração. Os quatro concertos em que o alinhamento é exclusivamente composto pelos temas do primeiro álbum do artista decorrerão em Março e Abril, passando pela Culturgest, em Lisboa, dia 1 de Março, pelo Teatro Municipal da Covilhã dia 9 de Março, pelo Centro de Arte, em Ovar, dia 15 do mesmo mês e termina no Theatro Circo, em Braga, dia 20 de Abril.

Quando o álbum de estreia de Bruno Pernadas foi apresentado ao vivo, o que menos espantou nessa noite de há dez anos foi o Teatro Maria Matos estar apinhado até ao balcão. O mais exigente público da cena musical lisboeta, terror de qualquer principiante, encontrava-se ali reunido, entre críticos, professores e músicos vindos de escolas e géneros que por hábito se ignoram. Como explicar semelhante convergência para assistir ao concerto de um artista em início de carreira?  Dizer que se tinha criado um hype em redor de Bruno Pernadas é ignorar a natureza da curiosidade, do cepticismo, da desconfiança até. Numa altura em que o álbum “How can we be joyful in a world full of knowledge?” ainda nem tinha sido distribuído, toda a gente que ali estava tinha ouvido falar de um Bruno Pernadas diferente: é um guitarrista; é uma banda; é um compositor; escritor de canções; arranjador; produtor. E o género? Jazz! Não, pop. Pop orquestral! Espacial! Celestial! Rock progressivo! Não, regressivo! Cena de Canterbury! Lounge music, revivalismo exótico! Faz colagens com samples; é tudo com instrumentos!  Não era fácil imaginar tantas pernas e tantas cabeças apoiadas num só par de ombros. A listagem de influências, de comparações de géneros, de estilos, só denunciava a teimosia daquela gente erudita em admitir que estava perante algo novo. Do alinhamento a lembrar uma big band, incluindo secção de metais com pauta à frente, até ao formato de quarteto rock, alternando entre a guitarra e o órgão Farfisa, por vezes no mesmo tema, Bruno Pernadas não desmentiu ninguém. Todos os rumores tinham algum fundamento.  Quando um meteorito cai no planeta, ainda para mais com uma aterragem impecável, é perfeitamente normal querer identificar o desconhecido através de elementos familiares. Ainda para mais, Bruno Pernadas parecia fermentar as memórias que nos eram mais queridas para as destilar em fórmulas de um prazer inédito.  Dez anos depois, quatro álbuns impecáveis e muitas bandas sonoras para filmes e espetáculos, o meteorito Bruno Pernadas continua a orbitar tranquilamente o nosso planeta. Com ouvintes espalhados um pouco por todo o mundo, a sua música está reservada a gente esclarecida com o sentido da alegria momentânea. Em cada novo tema, em cada nova canção (que no seu caso parecem várias canções dentro de uma só canção, como um álbum em miniatura), ele reinventa essa arte combinatória de viagem e descoberta que herdámos do barroco e que só por fogachos de distração se vai mantendo viva, quando memória, técnica e intuição se alinham. O título do seu primeiro disco veio a revelar-se um oráculo orientador do seu trabalho: como ter alegria num mundo soterrado em conhecimento? Como voltar à sensação de descobrir o paraíso que é música num cenário em que tropeçamos em tanta cópia e imitação?

Rui Catalão

AGENDA

LISBOA

1 de Março – Culturgest
21h00 – 16€
Bilhetes disponíveis aqui

COVILHÃ
9 de Março – Teatro Municipal
Bilhetes disponíveis em breve

OVAR
15 de Março – Centro de Arte
21h30 – 10€
Bilhetes disponíveis aqui

BRAGA
20 de Abril – Theatro Circo
21h30 – 5€
Bilhetes disponíveis aqui

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